Nascemos do mesmo pai...
da mesma mãe...
do mesmo ventre.
Para o nosso amor, entretanto, isso por si só não basta,
mas o fato de este amor reforçar as nossas semelhanças
e afastar
completamente
as nossas distinções,
que são inúmeras:
para começar,
você é festeira,
eu sou caseiro;
você canta e dança;
eu só escrevo e, eventualmente, desenho;
você gosta de praticamente todo tipo de música;
enquanto a mim só agrada um número muito restrito.
Mas uma coisa temos em comum:
o amor pela arte
e o amor
que, desde a tenra infância,
passamos a nutrir um pelo outro.
Irmãzinha,
até hoje, me lembro bem
do primeiro dia em que vi você,
toda empacotada,
deitada em seu berço,
no hospital onde nasceu,
esperando se aventurar neste mundo,
ao lado de seu primeiro companheiro de brincadeiras.
Pois você seria a minha fofa companhia,
que me distrairia
durante as tediosas conversas dos adultos.
Assim que a conheci, prometi,
a mim mesmo, e de joelhos,
que a protegeria até o fim.
Acredito ter cumprido a promessa,
ou, pelo menos, ter feito o melhor que pude.
Pois você evoluiu daquela menina sapeca
para esse mulherão,
com lugar especial no meu coração.
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