Quando muito pequeno, ouvia, atentamente
as histórias que minha mãe me lia;
quando criança, dramatizava os personagens dos filmes que assistia
e dos gibis que colecionava.
Queria, no fundo, ser cineasta,
porém sabia
que o orçamento dos meus pais jamais suportaria.
Na pré-adolescência, sob a influência de um amigo,
o artista da turma,
passei a desenhar.
De repente, revivi aquele mar de lembranças
de infância:
do cineasta sem recursos,
sedento para criar suas histórias,
contando, agora,
com uma mídia mais acessível,
contudo, igualmente incrível:
o mundo dos quadrinhos.
Não demorei a perceber
ser o desenho
apenas um instrumento.
Depois de um bom tempo,
fui cativado pelos livros,
e mergulhei nesse mar de profundidade
ainda desconhecida,
que, ao mesmo tempo,
se tornou
o mar
onde mais acertei nadar.
Aprendi que pouco importa
quantas voltas a vida pode nos dar,
apenas se este ciclo, aparentemente sem fim,
termina ou não na direção correta.
Rodeios são necessários,
sobretudo quando os fatos não nos são claros.
Tardei um pouco a descobrir
o escritor que morava em mim,
que só despertou, por fim,
na hora certa,
graças ao tardar desta descoberta.
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